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Descrição de SEGURANÇA TEM SAÍDA
Quando se pensa que em matéria de segurança pública está tudo perdido e nada mais resta a dizer ou fazer, eis que se descobre que há Luiz Eduardo no fim do túnel, com uma estimulante proposta destinada aos que estão descrentes e escaldados, cansados de promessas vãs, ou seja, todos nós. Ele acredita que existe saída e o seu plano mostra o caminho, mas de maneira simples, sem a arrogância do saber tão comum nesse tipo de discurso. Otimista? Sim, mas nada ingênuo. Quem passou “500 dias no front” da luta contra a violência no Rio de Janeiro sabe que as coisas são difíceis. Mas possíveis. A condição é que haja vontade política, uma expressão que caiu em desuso.
Luiz Eduardo conhece a mais refinada reflexão acadêmica sobre o tema tanto quanto os últimos índices de criminalidade no mundo ou a situação das delegacias e presídios cariocas. Quando passou uma temporada nos Estados Unidos, foi capaz de freqüentar o Instituto Vera de Justiça e a Universidade de Columbia como professor visitante, enquanto via de perto o funcionamento do Departamento de Polícia de Nova York. Lá, pôde constatar como é factível conciliar respeito aos direitos humanos e eficiência policial.
No Brasil, além de professor de duas universidades, foi secretário Nacional de Segurança Pública e coordenador de Segurança, Justiça e Cidadania do Rio, onde descobriu e denunciou a “banda podre” da polícia. Caso raro de intelectual cuja experiência combina teoria e prática, o co-autor de Elite da tropa não é messiânico nem salvacionista. Ao contrário, sobre suas idéias, ele diz modestamente: “Não as inventei. Elas estão por aí, circulando em muitas cabeças e sendo, várias delas, testadas em muitas experiências, realizadas no Brasil e no exterior.”
Um dos charmes deste livro é que não tem cara de projeto nem jeito de tratado. É como se fosse uma viagem, para trás e para a frente. Quando fala do passado, o autor nos faz revelações do tempo em que esteve no poder, algumas impressionantes. A cena do delegado contando o que seus subordinados prepararam contra o então secretário, dá uma idéia do clima que enfrentou e dos interesses que contrariou. “Eles queriam subir uns morros, matar uns 15 e deixar na sua porta”, anunciou o policial. “Consegui a muito custo impedir esse massacre.”
Para falar do futuro, o autor recorre habilmente a recursos ficcionais, já que “às vezes, nada é mais real do que a ficção”. Em lugar de áridos prognósticos, há reportagens e entrevistas em que personagens hipotéticos, mas verossímeis, falam das idéias propostas. Luiz Eduardo articula como ninguém os registros antropológico, político e literário. É que, antes de ser cientista social, ele é escritor, para quem não apenas o conteúdo importa, mas também a forma. Daí que o resultado é um texto, além de tudo, muito agradável de ler.
Zuenir Ventura
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