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Você sabe o que é o método Paulo freire?

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Você sabe o que é o método Paulo freire?

Que aprender a ler e a escrever são etapas essenciais para o desenvolvimento de qualquer ser humano, ninguém discorda. Mas, por outro lado, não existe um único caminho que leve à alfabetização.

Isso quer dizer que não há uma abordagem universal, que tenha a mesma eficácia com todos os alunos. Do mesmo modo, é um equívoco acreditar que existe uma idade padrão para esse processo ser iniciado.

Na chamada Pedagogia Waldorf, por exemplo, a alfabetização só começa por volta dos sete anos. Seu criador, Rudolf Steiner, acreditava que um conteúdo só deveria ser transmitido quando a pessoa estivesse preparada para compreendê-lo.

Assim como ele, diversos estudiosos propuseram alternativas às práticas tradicionais. Foi o que fez o renomado educador brasileiro Paulo Freire. Detentor de diversos reconhecimentos internacionais, ele foi declarado o patrono da educação brasileira em 2012.

Este post tem como objetivo apresentar aos leitores as diretrizes do chamado método Paulo Freire. Conheça melhor essa proposta e saiba para quem é indicada!

As características do método Paulo Freire

Antes de falarmos sobre o método Paulo Freire propriamente dito, é importante resgatarmos algumas concepções de seu criador. O educador recifense rejeitava a teoria que define o ensino como a transmissão do saber.

Freire atribuía ao professor um papel essencial, já que acreditava que as pessoas não conseguem aprender por conta própria. Assim, a missão do profissional educador é uma das mais nobres: criar condições para a produção do conhecimento.

Como esse é um processo que está sempre em construção (e não acaba!), tanto alunos quanto educadores nunca estão totalmente prontos e, por isso, devem trocar experiências e colaborar uns com os outros. Todos são “seres inacabados”.

Isso porque, ainda que não tenha sido alfabetizado, todo estudante que se matricula em uma escola traz consigo uma cultura, que não é melhor e nem pior que aquela de quem ensina. Esse viés democrático firma-se como o principal diferencial do método Paulo Freire.

O aprendizado com base em experiências pessoais

Em detrimento às tradicionais cartilhas, o método Paulo Freire toma como ponto de partida as experiências pessoais dos próprios alunos. Com isso, adota-se o conceito de “palavras-geradoras”, ou seja, aquelas que fazem parte do cotidiano de quem aprende.

Assim, por exemplo, quem trabalha com a construção civil tem mais familiaridade com determinados termos, como tijolo e cimento. A primeira atividade realizada pelo professor é associar a palavra escrita ao objeto que ela representa.

Em seguida, é feita a chamada decodificação fonética, ou seja, o vocábulo é desmembrado em sílabas. E uma determinada sílaba (por exemplo, “ti” de tijolo) serve como ponte para introduzir as famílias, apenas com a alteração das vogais (ta — te — ti — to — tu).

Sob essa perspectiva, todo o processo apresenta três momentos distintos:

  • Etapa de Investigação: professores e alunos se dedicam a encontrar as palavras-geradoras, aquelas que são familiares e que estão diretamente relacionadas ao cotidiano de quem aprende, levando em consideração o repertório vocabular e a situação em que cada pessoa vive;
  • Etapa de Tematização: instante em que o significado das palavras começa a ser contextualizado, especialmente em âmbito social, dando ao aluno condições para que ele tome consciência do mundo;
  • Etapa de Problematização: finalmente, cabe ao professor a missão de inspirar o aluno a deixar para trás uma visão “mágica”, transformando-se em um indivíduo crítico e consciente de seus direitos.

Muito além da alfabetização: o desenvolvimento da consciência crítica

A chamada problematização é mesmo uma das características mais importantes do método Paulo Freire. Muito além de ajudar pessoas a praticarem a leitura e a escrita, o educador almejava despertar nos alunos a consciência crítica.

Para ele, toda a abordagem feita em sala de aula também se apoia em um contexto sociopolítico. Assim, quando fala sobre tijolos para operários que ajudam na construção de casas, o professor também deve estimular que eles reflitam sobre a sua própria condição, questionando-os, por exemplo, se possuem moradia própria.

Essa discussão deve resultar em soluções práticas que os tornem aptos a superar impasses. Com isso, o aluno terá elementos para “ler o mundo”, expressão utilizada de maneira recorrente na obra do educador.

O processo de alfabetização torna-se, na verdade, um instrumento para um propósito maior, no qual as pessoas são convidadas a conhecerem a realidade em que vivem para, em seguida, transformá-la. Nesse contexto, há uma preocupação especial com os alunos mais carentes: a intenção é despertar neles o ser político para que se transformem em sujeitos que fazem e refazem o mundo.

Público-alvo do método Paulo Freire

Embora possa ser utilizado para alfabetizar crianças, o método Paulo Freire foi criado com a finalidade de atender o público adulto. Afinal de contas, convém reiterar que uma de suas premissas básicas é a de que o aprendizado aconteça a partir de experiências anteriores.

Também é fundamental enaltecer que essa é uma metodologia que trouxe resultados significativos em um curto intervalo de tempo: a primeira aplicação da técnica — que completará 65 anos no próximo mês de abril — conseguiu alfabetizar por volta de 300 pessoas, em 40 horas.

O cenário escolhido para essa iniciativa pioneira foi a cidade de Angicos, localizada na porção central do Rio Grande do Norte. Enquanto nativo do Nordeste, Paulo Freire conhecia bem a difícil realidade enfrentada pela maioria da população local, que vivia em condições precárias — o método nasceu com a proposta de reverter este cenário, atendendo aos excluídos.

Entusiasmado com a experiência de Angicos, o então presidente João Goulart convidou Paulo Freire para encabeçar uma Campanha Nacional de Alfabetização. O projeto só não seguiu adiante porque, em 1964, ano do golpe militar, o educador foi preso e exilado por apresentar um comportamento considerado subversivo.

Ao longo da vida, Freire foi agraciado com o título de doutor honoris causa por algumas das mais renomadas universidades europeias e americanas, como Oxford e Harvard. Ele faleceu em 1997, em decorrência de um ataque cardíaco, mas as suas ideias continuam sendo perpetuadas até hoje pelo instituto que leva seu nome.

Agora que você já conheceu melhor o legado de um dos mais importantes educadores brasileiros, que tal dedicar um pouco mais de atenção ao processo de aprendizagem do seu filho? Ainda que ele não seja alfabetizado pelo método Paulo Freire, precisará criar uma rotina para se dar bem nos estudos e conseguir “ler o mundo”.

Para ajudar nesse processo, indicamos a leitura das nossas 5 dicas para organizar os estudos dos seus filhos! Até a próxima!


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